Será que os animais gostam de música?

By Gabriel Oliveira
Será que os animais gostam de música? Um olhar curioso sobre essa conexão

Talvez você nunca tenha parado para pensar nisso, mas aquela música que você ouve no fim do dia pode estar impactando o seu pet também. Já reparou se seu cachorro relaxa quando toca um violão suave? Ou se o gato parece incomodado com batidas fortes? Por mais estranho que pareça, os sons que preenchem nossa rotina também mexem com os bichos. A relação entre música e comportamento animal é um tema que vem chamando atenção de pesquisadores e tutores. Embora ainda existam muitas dúvidas, uma coisa é certa: animais escutam o mundo de forma diferente da nossa. E, em muitos casos, eles reagem de maneiras surpreendentes.

O ouvido animal funciona em outro ritmo

Antes de falar em gosto musical, precisamos entender como os bichos percebem os sons. Enquanto nossos ouvidos captam uma faixa de frequência entre 20 Hz e 20.000 Hz, muitos animais ultrapassam esse limite com folga. Cachorros, por exemplo, escutam até cerca de 65.000 Hz. Gatos, ainda mais. Já cavalos e coelhos têm uma audição muito apurada para sons baixos e sutis. Isso significa que o que soa agradável para nós pode ser barulhento ou estranho para eles. Uma música cheia de graves pode parecer um trovão para um gato. Uma batida eletrônica pode ser desconfortável para um cão. Além disso, animais não associam música a lazer ou entretenimento como os humanos. Para eles, o som está diretamente ligado a instinto, comunicação e segurança.

Reações reais: como os pets respondem à música

Apesar dessas diferenças, vários relatos mostram que alguns animais demonstram reações muito claras quando expostos a certos tipos de música. Em abrigos de cães, por exemplo, é comum usar música clássica ou instrumental para acalmar os animais. E funciona: os latidos diminuem, os cães se deitam e aparentam estar mais tranquilos. Gatos são mais seletivos. Músicas humanas nem sempre fazem efeito, mas quando expostos a sons semelhantes aos ruídos de filhotes ou ao ritmo de ronronar, muitos demonstram curiosidade ou relaxamento. Entre os pássaros, especialmente calopsitas e papagaios, é comum ver movimentos no ritmo da música, imitações e respostas vocais. Eles não apenas escutam — interagem com o som de forma quase performática. No mundo rural, cavalos e vacas também já mostraram respostas. Em estábulos e currais, sons suaves têm sido usados para reduzir a tensão, melhorar a adaptação dos animais e até favorecer a produção.

Como saber se seu pet está confortável com o som?

Como saber se seu pet está confortável com o som?
Foto: pplprs.co.uk

O comportamento é a melhor pista. Pets não vão aplaudir ou cantar junto, mas deixam claro quando algo os incomoda. Ao ouvir uma música, se o animal se afasta, se isola ou se mostra inquieto, é um sinal de alerta. Mudanças na respiração, orelhas abaixadas, olhar fixo ou reações exageradas como latidos, miados ou fuga indicam que o som pode estar incomodando.

Por outro lado, se ele permanece no ambiente, se deita com o corpo relaxado, boceja ou até se aproxima da fonte sonora com tranquilidade, é bem provável que esteja se sentindo bem com o que está ouvindo.

Música feita para animais? Já existe — e tem funcionado

Nos últimos anos, surgiram projetos musicais pensados exclusivamente para pets. Nada de adaptar Beethoven para cachorro. Estamos falando de faixas criadas com base nas frequências biológicas dos animais — como batidas que simulam o coração em repouso, ou padrões sonoros semelhantes aos usados na comunicação natural de cada espécie.

Essas composições são usadas, por exemplo, para acalmar cães durante viagens, ajudar gatos a lidar com mudanças de ambiente ou manter aves entretidas em ambientes internos. Elas não prometem milagres, mas podem ser um ótimo complemento para o bem-estar dos pets. As plataformas de streaming já perceberam isso: hoje é possível encontrar playlists voltadas para cães, gatos, pássaros e até porquinhos-da-índia. Basta buscar por termos como “música para pets” ou “relaxamento animal” e testar o que funciona melhor com seu companheiro.

Quer testar com seu pet? Comece assim:

  • Escolha músicas suaves, com andamento lento, sem picos abruptos de volume.
  • Dê preferência a sons naturais ou instrumentais, sem vocais agressivos.
  • Mantenha o volume baixo, principalmente nos primeiros testes.
  • Observe a reação do seu pet antes, durante e depois da música.
  • Use a música em momentos específicos: descanso, adaptação ou quando estiver ausente.

Com o tempo, você vai perceber quais estilos funcionam melhor. E sim, pode ser que seu cãozinho tenha uma queda por MPB, ou que seu gato aprecie música ambiente com harpas.

A música não é só um prazer humano. Ela pode ser uma ponte silenciosa entre o nosso mundo e o deles. Um toque de violão, uma melodia repetitiva, um som que ecoa como batida de coração — pequenos gestos que transformam o ambiente e o relacionamento com quem caminha (ou voa) ao nosso lado. No fim das contas, talvez o que seu pet mais goste não seja da música em si, mas do momento de paz que ela cria. E isso, por si só, já faz toda a diferença.

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